Quilombo
dos Palmares: Ganga-Zumba, o precursor.
Estamos
já no mês de novembro, o mês em que ocorreu o assassinato de Zumbi dos
Palmares. A grande emboscada ocorreu no dia 20 de novembro de 1.695, data
oficializada como o Dia Nacional da Consciência Negra. Este mês publicarei
neste espaço alguns artigos que discorrem sobre o herói nacional e o Quilombo
dos Palmares, esta grande experiência libertária da gente brasileira.
Ganga-Zumba,
o precursor.
O
negro Ganga Zumba foi o primeiro grande líder, o primeiro rei do Quilombo dos
Palmares. Mantinha um grau de parentesco com Zumbi - era tio do imortal
guerreiro.
No
ano de 1677, o governo colonial enviou para aniquilar o novo Quilombo a
expedição portuguesa de Fernão Carrilho. A batalha foi dura e cruel. As tropas
da coroa portuguesa feriram Ganga Zumba, e aprisionaram dois de seus – Zambi e
Acaiene – além de dezenas de outros guerreiros negros. Mas o rei negro
conseguiu escapar. No ano seguinte, o governador da província, Pedro de Almeida
tentou promover entendimentos apresentando a primeira proposta de paz aos
quilombolas. Planejava com isso quebrar a unidade de Palmares. Como moeda de
troca, o governador oferecia paz, tratamento condigno e terras, além de firmar
compromisso de que devolveria com vida as mulheres e filhos de negros que tinha
aprisionado.
Para
negociar, Ganga Zumba enviou ao governador uma comitiva de 15 guerreiros tendo
à frente seus três filhos.
A
contra-proposta dos negros contemplava pontos fundamentais para a preservação
do movimento. Solicitavam:
•
liberdade para os nascidos em Palmares;
•
permissão para estabelecer ''comércio e trato'' com os moradores da região e
•
um lugar onde pudessem viver ''sujeitos às disposições'' da autoridade da
capitania.
Comprometiam-se
ainda a entregar os escravos que doravante fugissem para Palmares.
Fechado
o acordo, em novembro de 1678, Ganga-Zumba em Recife assina o protocolo selando
a paz. Estabelecem-se então em Cucaú, localizada a 32 km de Serinhaém.
Mas
boa parte dos quilombolas manifesta-se contrária ao acordo por considerá-lo
mais uma rendição, uma capitulação disfarçada. E liderados por Zumbi,
palmarinos inconformados decidem ignorar Ganga Zumba e continuar em Palmares.
A
situação em Cucaú torna-se insustentável. Os seguidores de Ganga vivem sob
severa vigilância da autoridade portuguesa e são diuturnamente hostilizados
pelos moradores das vilas e povoados próximos.
Não
demora e Ganga Zumba percebe que caiu num grande engodo e que todo o seu
esforço resultou infrutífero. Termina seus dias morrendo envenenado por um
partidário de Zumbi.
Com
a morte de Ganga – ocorrida em 1680 – o governador passa a assediar Zumbi,
tentando firmar novo acordo. Mas Zumbi segue organizando o Quilombo e ignorando
as tentativas da coroa.
Já
na gestão do governo de João de Souza uma nova proposta – composta de 17
artigos - é elaborada. Um dos artigos assegurava que “... seriam considerados
livres todos os negros e mulatos (...) que tivessem respeitado o acordo de 1678
e que não tinham se rebelado depois disso...''. Mas esta proposta jamais chegou
às mãos de Zumbi.
Estava
se consolidando o Quilombo que levaria o movimento libertário ao seu mais alto
nível de organização. Palmares resistiu durante um período que se estende de
1.600 ao ano de 1694. São quase cem anos - praticamente um século - de lutas
homéricas e heróicas. Estruturam algumas das mais densas e nobres páginas da
história de constituição da nacionalidade brasileira.
Zumbi
foi um bravo, um valente, um destemido. É um grande herói brasileiro.
Representa todos os que tombaram em Palmares e os que tem dedicado a vida à
construção de um Brasil melhor e mais justo para todos. Em sua homenagem tudo o
que se fizer será pouco.
Antônio
Carlos dos Santos
http://culturaeducacao.blogspot.com.br/2007/11/quilombo-dos-palmares-ganga-zumba-o.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário