Anastácia:
resistência negra santificada
Por:
Thaís Nascimento
Foi
em mil oitocentos e oitenta e oito, então a 13 de maio depois da Abolição que o
escravo, a princesa fez a sua libertação Me refiro a uma história de uma
escrava sofrida por nome de Anastácia que foi muito perseguida e sacrificada a
ponto de cedo perder a vida (Cordel da Escrava Anastácia)
Cultuada
no Brasil como santa e heroína, considerada uma das mais importantes figuras
femininas da história negra, a vida da escrava Anastácia é um misto de luta,
bravura, resistência, doçura e fé. Nas versões orais ou escritas, os registros
falam sobre uma bela mulher que não cedeu aos apelos sexuais de seu senhor e,
por isso, foi estuprada e amordaçada. A luta de Anastácia transformou-se em
exemplo e até hoje sua força inspira milhares de devotos. A história de
Anastácia começa em 9 de abril de 1740, com a chegada no Rio de Janeiro do
navio negreiro “Madalena” vindo da África.
No
carregamento havia 112 negros Bantus, originários do Congo, para serem vendidos
como escravos. Entre eles, estava Delminda, mãe de Anastácia, que foi
arrematada por mil réis assim que chegou ao cais do porto. Foi violentada e
acabou ficando grávida de um homem branco, motivo pelo qual Anastácia, sua
filha, nasceu com os olhos azuis. Representada como uma mulher forte, guerreira
e algumas vezes orgulhosa, Anastácia era conhecida por reagir e lutar contra a
opressão do sistema escravista. Era muito cobiçada por sua beleza, mas ao mesmo
tempo em que cultivava o desejo, seu comportamento despertava a ira de seus
senhores e também de suas mulheres, que não se conformavam com a beleza da
escrava.
Anastácia
foi sentenciada a usar uma máscara de ferro por toda a vida, que só era
retirada na hora de se alimentar. Suportou por anos a violência dos
espancamentos, que só terminariam em sua morte. Sua resistência diante da dor e
dos maus tratos sofridos acabou por incentivar outros negros escravizados.
Fé
Os
restos mortais de Anastácia foram sepultados na Igreja do Rosário e sumiram
após um incêndio fazendo com que aumentassem as dúvidas a respeito da história
da moça. Ao mesmo tempo, a crença popular a tornou um mito religioso. Segundo
seus devotos, “A Santa” (como é cultuada dentro das religiões
Afro-Brasileiras), é capaz de realizar milagres. Anastácia colocava as mãos no
doente e os males desapareciam. Por ironia do destino, o dom que possuía acabou
levando Anastácia a salvar a vida do filho do fazendeiro que a violentou.
Em
desespero, a família decidiu recorrer à escrava para salvar a vida do menino.
Pediram sua ajuda e a Santa realizou a cura, para espanto de todos. Atualmente,
muitas entidades estão unidas no propósito de solicitar ao Papa, a beatificação
da escrava Anastácia. Ao perfil de guerreira que luta contra a escravidão e a
torna modelo de liderança e resistência, soma-se o de milagrosa. Parte da
história de Anastácia foi recuperada em 1968, quando a Igreja do Rosário, no
Rio de Janeiro, fez uma exposição em homenagem aos 90 anos da Abolição. Lá foi
exposto um desenho de Étienne Victor Arago em que reproduzia uma escrava do
século XVIII que usava máscara de ferro, método empregado nas minas de ouro
para impedir que os escravos engolissem o metal.
A
existência de Anastácia é colocada em dúvida por estudiosos do assunto, já que
não existem provas materiais de sua existência, mas a fé em sua existência
atrai milhares de devotos pelo país. O “Consagrado à Escrava Anastácia”,
celebrado no dia 12 de maio, data em que Anastácia nasceu em Minas Gerais, foi
escolhida para relembrar a vida da escrava guerreira.
http://www.ceert.org.br/noticias/historia-cultura-arte/3526/anastacia-resistencia-negra-santificada
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